
Volto páginas amarelas de uma partitura
e subverto uma lógica defendida:
sempre tão certa de tudo,
estive errada apenas do amor.
Talvez a arte redija por si
em um tempo que vive em nós.
Ela emerge com saberes diversos,
sendo assim, nunca em um fim útil.
Sempre inútil nos conta depois
o que era verdade ontem.
O artista é inútil até para si,
mas é disso que nasce a arte:
de um dizer infinito em jogo de ingratidão
seja o ingrato remetente ou musa ou si mesmo.
Ela se faz no saber do tempo
que só a acrescenta com o seu passar:
toda arte é uma mensagem da metafísica futura,
das descobertas que faremos em nós e no mundo
e que dialogam com a arte e o artista como um fato em si:
o Artista é o Oráculo de Delfos protegido(ou não) por Apolo.
O cego é aquele que se expressa pela arte, mas nunca muda,
embora pouco acreditem suas profecias.
Perdão ao artista por ter não tê-lo compreendido.