Todos os dias, ao acordar, eu me dou conta que o nosso “nós” se transformou no “tu” e “eu”.
Muitas vezes declaramos a insignificância dos pronomes pessoas, esse caso não é um deles, afinal, aqui, é a gramática que causa o vazio. Eu amava o plural.
Só que eu fui plural sozinha.
Você tende aos pronomes individualistas.
Posso julgar alguém por ser sempre “eu” e nunca “nós”?
Acho que sim.
Acho que não.
Talvez, seja mais justo um “talvez”.
Opa, vamos mesmo entrar na categoria dos advérbios?
Eu me jogaria aos de intensidade.
Com certeza, “demasiada”.
Você se jogaria aos de tempo.
Sem dúvidas, “outrora”.
Nossa incompatibilidade gramatical é gritante.
Compartilhávamos do mesmo substantivo: amor.
Só que ao conjugar o verbo “amar”, nós somos perfeitos opostos.
Você é tão “modo indicativo no futuro do presente”
Eu sou bem “infinitivo pessoal” ou “presente do indicativo”.
Até que a adequação gramática aconteça,
não há como funcionarmos juntos.
Algumas diferenças são superáveis, mas não as de discurso.
O meu medo é uma incompatibilidade dos tempos verbais definitiva.
Por amar eu.
Eu amo.
E se isso transforma-se em um pretérito perfeito:
Eu amei.
Aí, não há futuro do presente que não leve consigo o arrependimento e a dor de ter depositado no amanhã o que deveria ter sido presente.